sexta-feira, 2 de setembro de 2011

King Tubby


As origens do estilo musical conhecido como DUB remontam à Jamaica do final dos anos sessenta. Nessa época a música jamaicana era sacudida com o inicio da era do Reggae e os estúdios fervilhavam com um sem número de figuras talentosas - artistas, produtores, engenheiros de som que iam fazendo história. Um dos estilos criados dentro deste caldeirão foi o Dub.
Alguns hits começaram a trazer uma versão instrumental no lado b dos compactos, onde os vocais eram retirados, parcial ou totalmente, o baixo e a bateria apareciam em destaque e com a adição de vários efeitos. Os avanços da tecnologia no final da década resultaram em novidades como mesa de oito canais e efeitos como reverberações e ecos, o que deu melhores condições de trabalho para técnicos e produtores, além de melhorar enormemente a qualidade dos discos. O fato de cada instrumento ser gravado em canais separados permitia que na mixagem os efeitos e cortes fossem colocados mantendo uma boa qualidade sonora. Antes de serem lançados em disco , esses remixes - também chamados de 'specials' ou 'dubplates' - podiam ser ouvidos nos bailes, via sound-system. Um produtor geralmente gravava a versão instrumental exclusivamente para um determinado sound (às vezes o dele mesmo) tocar nos bailes. Era um negócio oportuno, porque a versão instrumental permitia a apresentação ao vivo de cantores e deejays, o que atraia público e o produtor ia testando seus melhores riddims sob o crivo do público. Um dos que rapidamente estabeleceu uma reputação como mestre destas mixagens foi o engenheiro de som Osbourne Ruddock (foto ao lado), considerado o pai do Dub. No final dos 60, King Tubby, como era conhecido, era dono de um sound system chamado Home Towm Hi-Fi, cuja aparelhagem ele mesmo construíra, e tinha um certo nome na praça. O Dub praticamente começou com as experiências que ele fazia no seu estúdio caseiro. O próprio rei lembra: "Eu tinha um pequeno gravador e pegava emprestado uns tapes dos produtores e mixava-os dum jeito diferente. Eu trabalhava para Duke Reid, fazendo os cortes, e uma vez a fita estava rolando e eu tirei o vocal, você sabe, era um teste. Bom, peguei algumas destas fitas e levei pra casa. Depois estava tocando-as e eu disse, tudo certo, vou testá-las, por soar muito bem o jeito que a música começa com a voz, a voz some e o ritmo continua. Daí eu levei os mixes para os bailes e, cara, eu te digo, com quatro ou cinco músicas eles agitaram a pista e tivemos de tocá-los sem parar". Além do impacto que a música em si causou no público, os deejays foram fundamentais na consolidação do dub. Com seus vários estilos de toasting, eles cativavam as platéias 'falando' por cima da versão dub, quase dialogando com o pouco do vocal que era deixado. As primeiras gravações feitas por deejays como U Roy e Dennis Alcapone nada mais eram que as versões dub de velhos sucessos do tempo do rocksteady.

O desenvolvimento do dub ampliou as possibilidades para produtores e engenheiros. Uma versão dub podia começar com o cantor mais os instrumentos, depois estes eram abaixados e um efeito, geralmente eco, era adicionado o vocal. Os instrumentos então voltariam, com o baixo e a bateria proeminentes. Efeitos dos mais diferentes tipos eram frequentemente acrescentados. Naturalmente, havia muitas outras possibilidades de 'montar'um dub. Uma versão podia começar com os efeitos, em crescendo, e no clímax cortava abruptamente para o baixo e/ou bateria. Aí era por conta da inventividade de cada um. Independente das variações no formato, geralmente eram colocados nos dubs uma gama enorme de barulhos diversos, como sons de sirenes, tropas marchando, carro ou avião, tiros, copos quebrando, fliperamas e qualquer coisa mais. Fazer um dub era fazer um verdadeiro artesanato musical e não era um trabalho fácil.


Um dos resultados mais notáveis do surgimento do dub foi o fato que muitos produtores, ao conseguirem um hit, começaram a gravar e lançar inúmeras versões da música. Assim que uma música estourava nas paradas, imediatamente surgiam versões com o mesmo riddim, sendo que algumas apareciam num mesmo disco. O uso de um mesmo riddim em dezenas de músicas levou ao aparecimento de inúmeras cópias baratas. Mas a tradição se instalou e ainda hoje assim que um riddims atinge as paradas e faz sucesso, várias versões aparecem no mercado. Em alguns casos, não são apenas dezenas de versões de um mesmo riddim circulando, e sim centenas delas,valeu Jah Work!

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